Por: Dra. Carolina Matias
Um estudo realizado por cientistas do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da Universidade de São Paulo sob coordenação dos doutores Mayana Zatz e Keith Okamoto e publicado na revista Cancer Research em 26 de abril de 2018, mostra que o vírus da zika é capaz de infectar e matar células de tumores cerebrais.
O estudo foi realizado em camundongos, utilizando principalmente linhagens celulares humanas derivadas de dois tipos de tumores embrionários do sistema nervoso central (SNC): o meduloblastoma e o tumor teratoide rabdoide atípico (AT/RT, na sigla em inglês). São tumores que afetam principalmente crianças com menos de cinco anos de idade.
Em 20 de 29 animais tratados com o vírus do zika no estudo, os tumores regrediram. Em sete deles (cinco com AT/RT e dois com meduloblastoma), a remissão foi completa. Além disso, o vírus mostrou uma grande especificidade por esse tipo de células e os animais não apresentaram qualquer evidência de sintomas associados à infecção pelo vírus.
Este lado terapêutico do vírus zika que, em 2015, deixou em alerta as autoridades mundiais de saúde pública, quando se estabeleceu a ligação entre a infecção pelo vírus durante a gestação e o nascimento de crianças com microcefalia, já havia sido estudado em laboratório in vitro em células de glioblastoma porém o estudo brasileiro foi o primeiro a testar estas características oncolíticas do vírus zika in vivo.
Os pesquisadores estudam agora a melhor forma de estudar esta descoberta em humanos, com previsão de início dos testes no fim de 2018.
Graduação em Medicina: Universidade Federal de Pernambuco.
Residência em Clínica Médica: Hospital das Clínicas da UFPE.
Residência em Oncologia Clínica: AC Camargo Cancer Center, São Paulo-SP.
Mestre em Medicina Tropical pela UFPE.
Tutora de medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde.
Preceptora da Residência de Oncologia Clínica do Real Hospital Português e do IMIP e da residência de clínica médica do Hospital Barão de Lucena